6 de março de 2009

Primeiro ato de rebeldia.

A primeira coisa que ouvi de PH quando fui buscá-lo na escola na quinta-feira foi: "Mamãe, eu nunca mais quero estudar nessa escola!" A explicação dada foi que a tia tomou a macinha que estava brincando e que ele não tem mais "felicidade, graça e sorte de brincar nem com os amiguinhos e nem com a tia". Quando a professora veio me explicar o que aconteceu, ele pegou a mochila e saiu andando, com raiva e resmungando, rumo à saída. Passando pelo corredor, cruzou com uma mãe, puxou a camisa dela e disse: "A minha mãe me deixou sozinho." A senhora caiu na gargalhada e perguntou se eu era a mãe. Eu estava um pouco atrás, porque fui escutar a versão da professora, e ele saiu de perto, estrategicamente, para não ouvir nada. Para variar um pouco, desobedeceu e ficou de castigo, sem macinha. Só que os "comparsas" dele emprestaram mais macinha e ele continuou fazendo o que não devia. Aí a tia tomou e colocou de castigo na sala da diretora. Ele me disse que ficou sentado no chão da sala, mas não pareceu castigo, porque a Tia Tereza (diretora) brincou com ele.
Essa semana foi muito cômica. Na terça-feira ele não quis comer todo o jantar. Aí falei que se não jantasse tudo, não iria lanchar. A resposta foi: "Se eu não lanchar, eu não vou me alimentar e vou morrer de fome!" Disse que iria fazer só uma "trevasia", que é, segundo o seu dicionário: "olhar a comida sem comer, sem botar outra colherada na boca." Perguntei se ele sabe o que é morrer e ele disse que não. Mas, mesmo assim, me pediu um biscoitinho com a desculpa de que se não comê-lo, iria desmaiar e morrer. Acho que de tanto procurarem um problema para justificar o fato dele ser magrinho, está ficando hipocondríaco. Eu estava na cozinha preparando o almoço e ele disse: "Mamãe, eu acho que a minha pressão tá baixa." Fiquei apavorada e o chamei para dar uma olhada. Ele falou: "Sabe aquele dodói de vômito? Dele eu já fiquei bom. Só a minha pressão que ainda tá baixa. Ela tá chegando só até o meu 'bigo'." Bigo é o umbigo. Tive que dar uma pitada de sal, a pedido dele, para ver se a pressão chegava, pelo menos, até o pescoço.
Na quarta-feira, para justificar sua ida ao banheiro pela segunda vez seguida para fazer o número 2, ele disse: "O meu peso fica muito 'engenhado' por causa do tanto de cocô que eu tô fazendo. Engenhado é um cocô muito forte." Não sei de onde ele tira essas coisas.
Ontem ele teve um momento ternurinha. Disse para o pai: "Iara Maia é bem lisinha, que dá até vontade de abraçar e apertar." Iara é uma amiguinha da escola. Ela é branquinha, gordinha, uma fofura. Dá mesmo vontade de apertar. Tem um coleguinha na sala dele que tem um sinal em quase todo o lado esquerdo do rosto igual ao coro cabeludo. Do jeito que tem na cabeça, desce até a bochecha. Não é uma coisa bonita, embora o menino seja lindo. Quando o vi a primeira vez, achei que PH teria medo. Quando estava contando para Samuelson sobre esse menino, suavisando as palavras e fazendo muita mímica para PP não escutar, ele disse: "Ah, papai! É o 'Venício'. Ele tem cabelo na bochecha. Ele é meu amigo. Ele tem muita felicidade deu estudar na minha escola." Aí o pai perguntou se ele brincava com esse amiguinho e ele disse, na maior naturalidade, que sim. Fiquei tão feliz e orgulhosa por ele não zombar, ou deixar o menino de lado. Não sei se nessa idade eles já percebem as diferenças, mas espero que ele continue assim, amigo de todos. Crianças podem ser muito cruéis, sem querer, com as palavras.
Mudando de assunto, levei uma "carretada" na cabeça. PH foi me mostrar o que é "deslivrada" e bateu com uma carreta de brinquedo na minha cabeça. Ele disse que isso "é bater com um brinquedo na cabeça de uma pessoa pra ela chorar muito." Já levei cabeçada, "pedrada", agora "carretada". O que falta mais??? Estou até com medo do que ele vai inventar para bater na minha cabeça quando crescer.

Hoje o levamos para brincar na Jaqueira. Um parque muito legal, cheio de brinquedos que tem aqui. Ele se divertiu um bocado e assistiu uns garotos treinando numa pista de bicicross (nem sei se é assim que escreve). Passava o tempo todo: "Caraca pai. Você viu o salto que ele deu? Caraca, pai. Ele pulou a montanha!" Rimos muito com ele. As únicas coisas chatas foram: uma queimadura no nariz, por se arrastar numa cama elástica, e os dois joelhos arranhados e doendo de uma queda na saída do parque, porque estava pulando de felicidade. No mais, está bem. Já brincou e fez o pai ficar jogando no computador com ele. Agora que descobriu que o site da "Discovery Kids" tem joguinhos que servem para a idade dele, fica o tempo todo na cola do pai para jogar.

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